Existem vários tratamentos de reprodução assistida para ajudar casais que desejam ter filhos, porém, encontram dificuldades para engravidar. Hoje, vamos falar da doação de óvulos, que é um desses tratamentos. Vamos esclarecer dúvidas comuns e perguntas frequentes sobre doação de óvulos em um conteúdo claro e objetivo.
Há várias indicações para que o seu médico escolha, junto com você, a doação de óvulos como o tratamento ideal. Você vai ver quais são essas indicações e preparamos também um passo a passo que, tanto a paciente doadora, quanto a paciente receptora, devem seguir durante o processo.
Falamos ainda dos benefícios da doação de óvulos para ambas as partes e trouxemos explicações acerca das normas éticas para a utilização das técnicas de reprodução assistida, de acordo com a Resolução CFM nº 2168/2017.
O que é a doação de óvulos e como funciona?
A doação de óvulos é um procedimento que envolve duas mulheres: a doadora e a receptora. A paciente doadora vai disponibilizar seus óvulos de forma anônima e a paciente receptora, que tem dificuldade para engravidar, a partir dos seus próprios óvulos, vai receber a doação. Os óvulos são fecundados através da fertilização in vitro (FIV) e os embriões formados são transferidos para o útero da paciente receptora.
No Brasil a doação de óvulos não poderá ter caráter lucrativo ou comercial, e é obrigatório que a doação seja anônima, ou seja, as doadoras não devem conhecer a identidade das receptoras e vice-versa.
A doação de óvulos é moderna e extremamente segura, com benefícios para ambas as partes. Também conhecida como ovodoação, este tratamento apresenta boas taxas de sucesso, aumentando as chances de outro casal realizar o sonho de ter filhos.
Quando é indicada a doação de óvulos?
O tratamento de reprodução assistida, através da ovodoação, é indicado para mulheres que, por algum motivo, não possuem os ovários ou estes não são capazes de produzir óvulos de boa qualidade, como, por exemplo:
- Menopausa (falência ovariana);
- Insuficiência ovariana precoce (menopausa antes dos 40 anos de idade);
- Quimioterapia e radioterapia;
- Doenças genéticas;
- Retirada dos ovários por cirurgia;
- Resposta insatisfatória em ciclos prévios de FIV.
Quem pode doar óvulos e quem pode receber óvulos?
Apenas podem doar óvulos, pacientes saudáveis, sem histórico de doença genética, com idade limite de 35 anos e que, através de exames de responsabilidade da clínica de reprodução, não apresentem resultados positivos para diversos exames infecciosos. Também é de responsabilidade da clínica, analisar a compatibilidade das características físicas e tipo sanguíneo das pessoas envolvidas, uma vez que a identidade de cada uma permanece em sigilo.
Já para receber os óvulos, há menos exigências: a idade máxima para candidatas à gestação, através de técnicas de reprodução assistida, é de 50 anos. A Resolução do Conselho Federal de Medicina, acerca do assunto, prevê exceções, que só serão aceitas baseadas em critérios técnicos, bem como científicos, fundamentados pelos profissionais de saúde responsáveis, levando em consideração uma série de fatores e respeitando, sempre, a autonomia da paciente.
O que significa doação voluntária e doação compartilhada?
Recentemente, houve uma mudança nas regras de reprodução assistida. Antes, apenas as mulheres que já estavam fazendo algum tipo de tratamento para engravidar poderiam doar óvulos. Entretanto, em 2017, passou a vigorar no Brasil uma nova regulamentação, que permite a chamada Doação Voluntária de Óvulos.
Doação Voluntária de Óvulos é quando uma mulher, que não tem interesse em tratamento de reprodução assistida, deseja doar óvulos para ajudar mulheres que precisam dessas células para dar continuidade aos seus respectivos tratamentos. Em outras palavras, o único interesse da doadora é ajudar o próximo. Essa atitude é muito importante, pois infelizmente no Brasil há falta de doadoras e um número muito grande de receptoras, ou seja, mulheres que dependem da doação de óvulos para terem a chance de se tornarem mães.
Já a Doação Compartilhada de Óvulos é o nome que se dá a uma outra situação, que funciona da seguinte maneira: uma mulher que necessariamente precisa se submeter a tratamento de fertilização in vitro doa parte de seus óvulos para a receptora.
Essa é uma forma de colaboração positiva para todos os envolvidos. Em troca dos óvulos doados, a outra família pode custear parte do tratamento da doadora, caso esta não tenha condições financeiras de arcar com todos os custos da fertilização in vitro, que ainda é um procedimento de custo elevado para a realidade de muitas famílias.
Quais são as etapas que a doadora e a receptora devem seguir?
Em qualquer das modalidades de doação de óvulos, o anonimato permanece e a clínica vai intermediar todo o processo, orientando, tanto a doadora, quanto a receptora, a respeito dos procedimentos a serem seguidos. Fizemos um resumo com o passo a passo que os envolvidos na doação de óvulos devem seguir. Acompanhe:
- O casal que deseja engravidar passa por uma avaliação emocional e psicológica para garantir que estão plenamente preparados para o processo de tratamento de reprodução assistida indicado.
- São feitos exames gerais de saúde, em especial nas pacientes (receptoras) acima de 40 anos.
- A clínica seleciona uma doadora compatível, de acordo com as características físicas e obedecendo a compatibilidade, também, do grupo sanguíneo e fator Rh. Nesse momento, a doadora é comunicada. Ela já realizou todos os exames e está considerada apta para doar.
- Enquanto a receptora começa a preparação do útero, inicia-se a indução da ovulação na doadora.
- É feito um trabalho com hormônios em ambas as partes e é escolhida a melhor data para colher os óvulos da doadora. No dia da coleta dos óvulos (aspiração folicular), o parceiro realiza a coletado sêmen para a fertilização dos óvulos.
- Se a doadora também está passando pelo tratamento de fertilização in vitro (Doação Compartilhada de Óvulos), então haverá dois processos de fertilização, nos quais metade dos óvulos serão fertilizados com o sêmen do marido da receptora e implantados no útero da receptora. A outra metade será fertilizada com o sêmen do marido da doadora e implantada em seu próprio útero.
- Aguarda-se de 2 a 5 dias pela formação dos embriões, antes de transferi-los para o útero.
- A receptora e a doadora recebem no máximo 2 embriões (já que os óvulos da doadora têm no máximo 35 anos). E se houver embriões excedentes, o casal pode optar pelo congelamento.
- Após 9 a 11 dias da transferência dos embriões, é feito um exame para identificar se a gravidez está confirmada.
Quais são os benefícios da doação de óvulos?
A ovodoação traz benefícios tanto para a receptora, quanto para a doadora de óvulos. Para a receptora, há um aumento significativo nas chances de conseguir engravidar, podendo ser superiores, inclusive, às chances naturais de pessoas sem problemas de fertilidade.
Como vimos, através da doação compartilhada, a doadora pode ter parte dos custos de seu tratamento pagos pela receptora. Além disso, tanto a doação compartilhada, quanto a doação voluntária, são atos de solidariedade, pois a mulher que doa seus óvulos permite que outra mulher realize o sonho da maternidade.
Quais são as chances de obter sucesso na fertilização com a doação de óvulos?
As chances de obter sucesso por tentativa na fertilização in vitro com a doação de óvulos (ou ovodoação) fica em torno de 50%, devido à idade da doadora. Como o limite de idade para as doadoras é de 35 anos (e até essa idade os níveis de fertilidade ainda são altos), isso aumenta as chances do embrião a ser gerado na futura fertilização e as taxas de sucesso no tratamento para a receptora, independente da sua idade.
É importante, também, que o endométrio possua um bom nível de receptividade para que aconteça a implantação do embrião. Se houver a presença de alguma doença ou malformação no útero, por exemplo, pode-se reduzir as chances de gravidez.
Como lidar com o aspecto emocional no tratamento de reprodução assistida?
É importante que os pacientes passem por uma análise psicológica e que um profissional competente converse sobre os aspectos psicossociais quando a reprodução assistida, através da ovodoação, é o tratamento proposto pelo médico. Da mesma maneira, é importante que os pacientes possam refletir e ter um espaço para tirar todas as dúvidas relativas ao tema.
Deve-se estimular o compartilhamento das informações entre o casal, bem como o compartilhamento das ideias e sentimentos, para que possam decidir, de forma saudável, dentre as opções, se desejam realizar o tratamento de reprodução assistida indicado.
Normas éticas para a utilização das técnicas de reprodução assistida
As normas éticas para utilização das técnicas de reprodução assistida estão elencadas e podem ser consultadas na Resolução do Conselho Federal de Medicina nº 2168/2017.