Você já ouviu falar em HPV? A infecção pelo Papilomavírus Humano (HPV) é considerada a infecção sexualmente transmissível de maior incidência no mundo, estima-se que 80% da população sexualmente ativa já tenham entrado em contato com o vírus em algum momento de sua vida. E o HPV é responsável por cerca de 99% dos casos de câncer de colo do útero.
Em todo o mundo estimam-se aproximadamente 530 mil casos novos de câncer de colo ao ano e 275 mil mortes anuais (World Health Organization, 2016). No Brasil, a estimativa do Inca (Instituto Nacional de Câncer) para o ano de 2016 foi de 16.340 novos casos. Assim, são milhares de novas vítimas a cada ano.
No entanto, entre todos os tipos de câncer, é o que apresenta um dos mais altos potenciais de prevenção e cura (perto de 100% quando diagnosticado precocemente). A detecção precoce de lesões precursoras do câncer de colo do útero é feita por meio do exame citopatológico (Papanicolaou), fundamental para mulheres que se preocupam com sua saúde e bem-estar.
Pensando nisso, listamos algumas das dúvidas mais comuns sobre o tema neste artigo. Vamos lá?
Afinal, o que é o HPV?
O HPV, sigla em inglês para Papilomavírus Humano, é um vírus que atinge pele e mucosas e pode provocar lesões e verrugas. Esse vírus pode acometer pessoas de qualquer idade, mas é mais frequente entre 20 e 40 anos, período de maior atividade sexual. Podemos dizer que ela é endêmica entre os indivíduos sexualmente ativos, sendo a infecção sexualmente transmissível mais comum.
Existem cerca de 100 subtipos virais humanos, sendo que 40 deles atuam especificamente na região genital. É importante ressaltar que a maioria deles provocam lesões benignas, mas cerca de 20 desses subtipos de HPV são considerados de alto risco, já que podem evoluir para lesões pré-malignas, precursoras de diversos tipos de câncer, em diferentes locais, como colo do útero, vagina, vulva, ânus, pênis e orofaringe (boca e garganta).
As lesões causadas pelos subtipos de HPV 16 e 18 são responsáveis por 70% dos casos de câncer do colo uterino, enquanto os subtipos 6 e 11 respondem por 90% dos casos de condiloma genital e papiloma laríngeos.
Embora as verrugas sejam os sinais mais evidentes do HPV, é importante lembrar que a doença pode ser totalmente assintomática, ou seja, o vírus pode estar presente no organismo da mulher sem causar qualquer desconforto ou alteração. No entanto essa lesão inicial que não causa sintomas, pode evoluir para câncer invasor em um prazo de 10 a 15 anos.
É importante lembrar que, com a evolução da lesão pode surgir alguns sintomas, como corrimento vaginal de odor fétido, sangramento vaginal anormal e dor na região inferior do abdome.
São milhares de vítimas de câncer de colo uterino a cada ano. No entanto, ele é potencialmente evitável e curável, uma vez que conhecemos muito bem suas lesões precursoras não invasivas e sua causa, o HPV.
Como o HPV é transmitido?
A transmissão do HPV ocorre pelo contato com a pele ou mucosa infectada, sendo as relações sexuais o meio mais comum. Por isso, é considerada uma infecção sexualmente transmissível.
Além disso, o vírus pode ser transmitido também durante o parto. No recém-nascido pode levar a formação de verrugas na pele. A afecção mais temida é a papilomatose de cordas vocais, que acontece por volta do sexto ano de vida, mas felizmente é uma doença rara.
Na maior parte dos casos, o vírus é eliminado do organismo de maneira natural, sem qualquer tipo de manifestação. No entanto, como o HPV pode evoluir para doenças mais graves, como o câncer do colo uterino, é fundamental prevenir-se!
Como prevenir e tratar o HPV?
Um dos principais fatores de risco para o contágio pelo HPV é o contato sexual sem o uso de preservativos. Por isso, o uso da camisinha é fundamental não só para prevenir o HPV como outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), incluindo sífilis, hepatites e HIV.
Sempre é importante destacar que várias dessas ISTs não apresentam sintomas, assim, é impossível saber pela aparência, se o seu parceiro (a) está infectado. Então, não esqueça, sempre use o preservativo!
Além disso, outras medidas podem ser tomadas para prevenir e tratar as lesões causadas pelo HPV. Saiba quais são elas:
Exame de colpocitologia oncótica ou Papanicolaou
Segundo dados do Ministério da saúde, existem cerca de 6 milhões de mulheres entre 35 e 49 anos que nunca realizaram o exame citopatológico do colo do útero (Papanicolaou). Como consequência, são milhares de vítimas desse câncer a cada ano.
No entanto, entre todos os tipos de câncer, é o que apresenta um dos mais altos potenciais de prevenção e cura (perto de 100% quando diagnosticado precocemente). A detecção precoce do câncer de colo do útero é feita por meio do Papanicolaou.
Exame de extrema importância para a saúde da mulher, o Papanicolau, também conhecido como exame preventivo, consiste na coleta de células do colo do útero para avaliar se existem alterações específicas que podem indicar a presença de câncer na região ou de lesões mais leves e que podem levar ao surgimento da doença.
Para sua realização, o médico introduz no canal vaginal um pequeno aparelho (espéculo), que alcança o colo do útero e coleta o material por meio de uma leve fricção. Na sequência, esse material é preparado e encaminhado para análise.
Para garantir um resultado preciso, a mulher não deve estar no período menstrual e precisa evitar o contato sexual nas 48 horas que antecedem o exame. Além disso, não utilizar duchas vaginais 48h antes do exame e não usar cremes vaginais nos sete dias precedentes ao mesmo.
O Papanicolau não provoca dor – em alguns casos, a mulher pode sentir um leve desconforto -, e não apresenta efeitos colaterais expressivos. Um pequeno sangramento vaginal, que cessa de maneira espontânea algumas horas após a realização do exame, também pode acontecer.
O exame de colpocitologia oncótica que ajuda a prevenir e tratar as lesões causadas pelo HPV deve ser realizado por todas as mulheres que já iniciaram o contato sexual com penetração, especialmente entre os 25 e 64 anos.
O ideal é que a análise seja realizada anualmente. Segundo as orientações do Ministério da Saúde, após dois exames consecutivos no intervalo de um ano com resultado negativo, o médico pode recomendar que o Papanicolau seja realizado a cada três anos.
Outros exames importantes para o diagnóstico e tratamento precoce são: colposcopia ou exames mais específicos como Testes moleculares para detecção do HPV – Teste DNA HPV).
Vacina contra o HPV
Atualmente estão aprovadas no Brasil dois tipos de vacina contra o HPV: a bivalente e a quadrivalente. Ambas as vacinas compõem-se de partículas semelhantes ao vírus (pseudovírus), ou seja, possui o envoltório do vírus sem o seu DNA, que é a parte infectante. Dessa forma, as mulheres vacinadas não correm nenhum risco de adquirirem a infecção pelo Papilomavírus Humano através da vacinação.
A vacina bivalente protege contra os subtipos 16 e 18, que são os responsáveis por 70% dos casos de câncer do colo do útero. Além disso, essa vacina apresenta parcial proteção cruzada contra o HPV 31 e 45, outros dois subtipos oncogênicos.
Já a quadrivalente é eficaz contra os subtipos 6, 11, 16 e 18 assim, além de conferir proteção contra os principais vírus causadores de câncer de colo, também irá proteger contra os dois tipos virais mais comumente associados aos condilomas anogenitais (verrugas genitais).
A recomendação do Ministério da Saúde é que ela seja administrada preferencialmente entre os 9 e 26 anos de idade. O ideal é que ela seja realizada antes do início da atividade sexual, quanto mais cedo melhor.
No entanto, não existem contraindicações para vacinação acima dos 26 anos, inclusive em mulheres que já possuem vida sexual ativa. Pode ser realizada ainda àquelas que tiveram exame positivo para um tipo de HPV. Como as vacinas possuem mais de um subtipo viral, haverá o desenvolvimento de proteção para os tipos de HPV não envolvidos no exame positivo.
As vacinas devem ser administradas em três doses, a tetravalente com intervalo de 2 e 6 meses entre elas; a vacina bivalente com intervalo de 1 e 6 meses. Ambas, não provocam efeitos colaterais expressivos.
A vacina quadrivalente foi incluída no calendário de vacinação do Ministério da Saúde e passou a ser ofertada pelo SUS (Sistema Único de Saúde), e a indicação atual é:
– Para meninas entre 9 e 14 anos: duas doses da vacina com intervalo 6 meses entre elas;
– Para meninos dos 11 aos 14 anos, sendo que a faixa etária seria ampliada, gradativamente, até 2020, quando seriam incluídos os meninos com 9 anos até 14 anos de idade: duas doses da vacina com intervalo 6 meses entre elas; Veja abaixo o quadro com o programa oficial de vacinação contra o HPV;
– Além disso, tem direito de receber a vacina pelo SUS, pacientes portadores do vírus HIV, pacientes oncológicos e transplantados, dos 9 aos 26 anos, com 3 doses (0, 2 e 6 meses).
E mesmo que a paciente seja vacinada, ela deverá continuar fazendo o exame preventivo, Papanicolaou, pois as vacinas conferem proteção a apenas 4 subtipos de HPV, assim não protege totalmente contra as lesões precursoras de câncer, já que existem vários outros subtipos de HPV.
Quadro. Programa oficial de vacinação contra HPV de acordo com o gênero, para o período de 2017-2020 (PNI – Junho/2019)
Como tratar o HPV?
Embora não exista um tratamento que elimine o HPV do organismo, o médico pode tratar as lesões e verrugas que surgirem em decorrência da infecção por esse vírus. Na verdade, quem destrói o vírus é o sistema imunológico da paciente.
Como falado, muitas pessoas apresentam alterações específicas causadas pelo HPV de alto risco, são chamadas de lesões pré-cancerígenas. Essas lesões podem ser tratadas se diagnosticadas de forma precoce por meio do Papanicolaou e ou colposcopia com biópsia.
O tratamento é realizado com métodos destrutivos nos locais de lesões verrucosas ou com alterações teciduais importantes causadas pelo vírus, como por exemplo:
– As lesões verrucosas ou condiloma acuminado pode ser destruído por cauterização com eletrocautério, laser, substâncias químicas (ácido tricloroacético ou podofilina), imunomoduladores ou ressecção cirúrgica.
-As lesões precursoras de câncer ou lesões intraepiteliais cervicais são retiradas (excisadas) com uma alça diatérmica de alta frequência sob anestesia local, chamada de Cirurgias de Alta Frequência (CAF). Em alguns casos, será indicada a Conização clássica, procedimento cirúrgico, que consiste na retirada de uma parte do colo uterino em forma de cone.
Assim, é essencial realizar o tratamento das lesões causadas pelo HPV por vários motivos:
- Erradicar lesões verrucosas por questões estéticas e para prevenção de possível malignidade, pois apesar dessas lesões estarem associadas ao HPV 6 e 11 (vírus de baixo risco), em 5% dos casos pode-se encontrar também vírus de alto risco para câncer.
- Prevenir a evolução das lesões pré-cancerígenas, chamadas de lesões de alto grau, para câncer invasor.
- Prevenção da transmissão do HPV durante a gravidez, na passagem pelo canal do parto. Além de diminuir a possibilidade de formação de condilomas gigante, que podem obstruir um parto via vaginal.
- Evitar a transmissão por via sexual, já que a destruição das lesões, diminui a possibilidade de transmissão a outras pessoas.
E não esqueça! No Brasil, o câncer de colo do útero é o segundo tumor ginecológico mais frequente, perdendo em incidência apenas para o câncer de mama, sendo um problema de saúde pública. Assim, a prevenção é fundamental!
Gostou de entender como prevenir e tratar as lesões causadas pelo HPV? Se você ainda tem dúvidas sobre o tema, ou deseja realizar os exames preventivos e ter acompanhamento ginecológico, marque agora mesmo uma consulta e cuide da sua saúde e bem-estar!