No Brasil, o número de gestações não planejadas é muito alto: cerca de 55% dos nascimentos não foram programados, e entre as adolescentes esse número é muito maior. A gravidez sem planejamento, modifica a vida da mulher, pode interferir nos estudos, reduz a chance de fazer uma faculdade, de uma profissão, além de maior risco de complicações para a saúde da mãe e do filho.
Além da importância dos métodos contraceptivos para evitar a gravidez, existem os métodos indispensáveis na prevenção de doenças sexualmente transmissíveis – DSTs. Por isso, preparamos este artigo com as principais informações sobre métodos anticoncepcionais para que você saiba as opções para evitar a gravidez de forma segura e também se proteger das DSTs.
E devemos lembrar da importância do acompanhamento regular com o ginecologista. Além de poder tirar todas as suas dúvidas pessoalmente, para que você possa decidir de forma muito mais segura sobre métodos anticoncepcionais, o acompanhamento de um médico de confiança deve fazer parte da rotina de todas as mulheres. Dentre outros motivos, podemos relembrar aqui também que a mulher deve fazer exames periódicos, como o preventivo. Por isso, você pode agendar uma consulta agora mesmo.
Como escolher um método anticoncepcional?
Para optar por um método anticoncepcional dentre as várias opções disponíveis, é preciso considerar uma série de fatores:
- Perfil da paciente, rotina diária da mesma, a necessidade da praticidade e a disponibilidade para fazer uso de pílulas, por exemplo, que podem ser esquecidas.
- Os efeitos colaterais que podem advir do uso de algum dos métodos anticoncepcionais ou problemas de saúde que podem ser agravados com o uso de determinados contraceptivos.
- O custo, pois alguns métodos contraceptivos são muito mais caros do que outros.
O ginecologista, responsável pelos cuidados em saúde da mulher, deve sempre apresentar quais os métodos existem, a eficácia de cada um deles, os seus benefícios e riscos. Assim, a mulher poderá escolher a melhor opção para suprir suas necessidades.
Quais as opções de métodos contraceptivos?
Existem diversos métodos anticoncepcionais, no entanto uns são mais seguros que outros. Assim, é muito importante o conhecimento desse tema, visto as consequências da utilização de métodos ineficazes. Esses métodos contraceptivos podem ser divididos em:
- Comportamentais
- Barreira
- Hormonais
- Cirúrgicos
Os métodos comportamentais, são aqueles que se baseiam na observação dos sinais do ciclo menstrual, com abstinência sexual durante o período ovulatório, também chamado período fértil, como por exemplo a Tabelinha. Outro exemplo de método comportamental é o Coito interrompido. Esses métodos possuem baixa eficácia, alteram o comportamento do casal, não protegem contra DSTs, e devem ser desestimulados, pelo seu elevado índice de falhas.
Métodos de Barreira
Os métodos de barreira agem impedindo a ascensão dos espermatozoides ao útero, como o Condom, também conhecidos como preservativos ou camisinha masculina e feminina; o Diafragma; Espermicidas; DIU de cobre.
A camisinha masculina ou a feminina são indispensáveis na prevenção de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), assim é fundamental o uso desses preservativos, pois protegem contra doenças, como HIV, Hepatite B, dentre muitas outras. No entanto, não é um método eficaz contra gravidez, principalmente por que nem sempre são utilizados adequadamente. Dessa forma, não deve ser usado como método isolado para evitar gravidez, e sim ser associado a outro método contraceptivo.
Preservativo ou camisinha masculina é um envoltório para o pênis confeccionado com látex: além de proteger contra DSTs é de fácil acesso. É importante lembrar que a proteção contra o HPV não é total, pois pode ocorrer contato através da pele. É inserido durante o ato sexual e deve ser retirado logo após a ejaculação, evitando que o seu conteúdo saia do reservatório com a diminuição da ereção.
Preservativo ou Camisinha Feminina é um tubo com uma extremidade fechada e outra aberta, que recobre o colo do útero, paredes vaginais e parte da vulva. É feito de poliuretano, por isso é mais resistente que o preservativo masculino. Pode ser inserida até 8 horas antes do ato sexual, e não precisa ser retirada logo após a relação. O seu uso associado a lubrificantes com espermicidas, aumenta a eficácia do método. A proteção contra HPV e herpes genital é parcial.
O Diafragma é um dispositivo circular de látex que recobre o colo do útero. São comercializados em diferentes tamanhos, para melhor se adequarem a anatomia de cada mulher, por isso depende da avaliação médica para ser utilizado. É associado ao uso dos espermicidas, substâncias que imobilizam e destroem os espermatozoides. No entanto, o Diafragma e os Espermicidas, tanto isolados como associados são pouco utilizados atualmente, pois não são métodos eficazes, ou seja, a taxa de falha é grande.
DIU (Dispositivo intrauterino) de Cobre é um método muito recomendado pelos especialistas devido a sua alta eficácia, segurança e custo- efetividade. É um dispositivo pequeno, em formato de T, que é inserido no útero pelo médico em procedimento simples ambulatorial e dura até 10 anos.
A utilização do DIU de cobre tem várias outras vantagens como por exemplo, não dependem da lembrança da usuária, assim controlam realmente as gestações não planejadas, não interferem nas relações sexuais, não apresentam os efeitos colaterais do uso de hormônios, não interage com outras medicações, dentre outras. Leia o artigo completo para saber mais sobre os tipos de DIU.
Métodos Hormonais
Os métodos anticoncepcionais hormonais são: as Pílulas (comprimidos), Anticoncepcional Injetável (injeção), Anel vaginal, Adesivo, Implantes e o DIU hormonal. Não podemos esquecer que esses métodos hormonais não protegem contra doenças sexualmente transmissíveis, devendo para isso, ser associadas aos preservativos femininos ou masculinos.
Existem alguns métodos anticoncepcionais que possuem dois tipos de hormônios (estrogênio e progesterona) e outros que possuem somente a progesterona isolada. O hormônio responsável pela contracepção é a progesterona, que pode agir impedindo a ovulação, por alteração do muco cervical, dificultando a ascensão do espermatozoide pelo trato genital feminino e altera a motilidade das tubas uterinas (trompas).
Cada um dos diferentes métodos contraceptivos hormonais tem as suas particularidades, e alguns deles podem trazer benefícios adicionais como: diminuição da cólica, acne, sintomas da TPM (tensão pré-menstrual), redução da dor associadas a endometriose, do volume do sangramento menstrual, dentre outros.
Existem os efeitos colaterais, como qualquer medicação. Podemos citar alguns efeitos mais comuns como por exemplo: sangramento fora da época esperada, náuseas, dor na mama e de cabeça, retenção de líquido, dentre outros. Os problemas mais graves são raros.
Nem todos os métodos que contém hormônios possuem os mesmos riscos. Os efeitos mais graves, como trombose, e mesmo outros efeitos comuns, como náuseas e dor de cabeça, estão mais relacionados à presença do estrogênio.
E a saúde da mulher é muito importante na escolha do método, por exemplo para uma mulher saudável o anticoncepcional hormonal, mesmo contendo estrogênio, pode trazer mais benefícios que riscos. Mas se por outro lado, ela tem alguma doença como hipertensão ou é tabagista e com mais de 35 anos, devem ser utilizados contraceptivos sem estrogênio, ou seja, métodos hormonais apenas com progesterona ou métodos sem hormônios.
Por isso, a escolha do melhor anticoncepcional para cada mulher deve ser feita sob orientação médica, após avaliação das necessidades e preferências das pacientes.
Implante subdérmico
É um contraceptivo muito eficaz, pois para funcionar não dependem da lembrança diária da mulher, com duração de até 3 anos. Outras vantagens: a menstruação fica bem reduzida ou mesmo inexistente, diminuição da cólica e TPM. Na sua composição possui apenas progesterona.
DIU Hormonal
É um dispositivo pequeno, em formato de T, com adição de progesterona, que é inserido no útero pelo médico em procedimento simples ambulatorial e dura até 5 anos. Dentre outras vantagens, pode reduzir a quantidade e duração do fluxo menstrual. Reduz a intensidade da cólica. Confira aqui o artigo completo sobre DIU.
O DIU de progesterona, o DIU de cobre e o implante são chamados contraceptivos de longa duração. Na prática eles são os mais efetivos, pois não dependem da lembrança da mulher. Assim, eles realmente controlam com segurança as gestações não planejadas.
Anticoncepcional injetável
São métodos eficazes e bastante cômodos, que evitam problemas como o esquecimento, muito comum a quem faz uso das pílulas, por exemplo.
Consistem em uma injeção única de hormônios, administrada uma vez por mês ou a cada 3 meses.
O anticoncepcional injetável trimestral contém apenas progesterona e o anticoncepcional injetável mensal contém estrogênio e progesterona.
Anel vaginal
O anel vaginal libera diariamente estrogênio e progesterona. É um método efetivo. O anel deve ser inserido dentro da vagina pela própria mulher, com o correto posicionamento é deixado por 3 semanas. Após esse período é retirado e descartado. Durante uma semana, o anel não deve ser usado (pausa), para que ocorra o sangramento.
Adesivos cutâneos
São adesivos com hormônios (estrogênio e progesterona) que são absorvidos pela pele e entram diretamente na circulação. Possuem benefícios e contraindicações muito similares às pílulas. Utiliza-se por 3 semanas (01 adesivo por semana), com a retirada na quarta semana, quando ocorre o sangramento. Os adesivos devem ser aplicados em áreas secas e limpas, exceto mamas, cabeça, pescoço, áreas genitais e extremidades inferiores.
Pílulas Anticoncepcionais
É o método contraceptivo mais escolhido no Brasil, e apresenta taxa de falha próximo a zero (0,3%) quando tomada rigorosamente, sem esquecimento. No entanto, para as mulheres que não costumam ser disciplinadas e esquecem de tomar a pílula, fazendo uso inadequado, o índice de falha é alto (9%).
Fazer uso das pílulas requer indicação e acompanhamento do médico ginecologista. Existem vários tipos de pílulas com diferentes composições hormonais e somente o médico, após estudo do perfil da paciente e avaliação de possíveis contraindicações é que pode indicar o melhor contraceptivo. Existem dois grupos de pílulas contraceptivas: as combinadas que contêm estrogênio e progesterona, e as de progesterona isolada.
As pílulas podem ser tomadas em 3 regimes distintos: com pausa entre cada cartela, com pausa após um determinado número de cartelas (3- 4 cartelas) ou tomadas continuamente ou simplesmente sem pausa. De acordo com o perfil da paciente, o médico poderá ajudar a decidir qual regime se encaixa melhor para a mulher.
Com o uso da pílula a mulher poderá obter vantagens com a pausa programada para a menstruação ou simplesmente não ter pausa e evitar a menstruação que, apesar de natural, há estudos científicos que demonstram benefícios em suspendê-la.
A pílula traz alguns benefícios e são usadas para tratamento de mulheres que nem mesmo iniciaram sua vida sexual. Por exemplo, tratamento da acne e melhora da pele, alívio de cólicas menstruais e sintomas da TPM, regularização do ciclo menstrual, entre outros.
Mas, também existem as contraindicações e as pílulas combinadas, por exemplo, não são recomendadas para mulheres com hipertensão, câncer, história de trombose, tabagistas com idade igual ou maior a 35 anos de idade, dentre outros. A pílula com progesterona isolada possui também as suas contraindicações como câncer de mama, tumor no fígado, história atual de trombose, dentre outras.
Métodos Cirúrgicos
Os métodos cirúrgicos, que são definitivos, também são muito empregados. A laqueadura tubária (também conhecida como ligadura das trompas) para as mulheres e a vasectomia para os homens são realizados com frequência.
A lei do planejamento familiar brasileira permite que mulheres e homens com mais de 25 anos ou pelo menos com 2 filhos vivos, desde que observado o período mínimo de 60 dias entre a manifestação da vontade e o ato cirúrgico, sejam submetidas a esterilização definitiva. Além disso, estabelece que não é permitida a laqueadura tubária durante o parto ou logo depois do parto, exceto em casos de cesariana de repetição ou risco de vida, devendo ser a mesma adiada para após 42 dias após o parto.
Finalmente, decidir por um método anticoncepcional é uma tarefa que requer o auxílio do médico, com ampla investigação do histórico da paciente e levando em consideração vários fatores particulares de cada mulher. Portanto, a consulta com o ginecologista antes de tomar uma decisão torna-se indispensável.
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