A ausência de gravidez após um ano de relações sexuais frequentes e sem a utilização de métodos contraceptivos define a infertilidade. A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera a infertilidade conjugal um problema de saúde púbica. Essa condição que acomete uma grande quantidade de pessoas em todo o mundo, afeta a vida pessoal, social e profissional do casal.
Em relação as causas de infertilidade, em geral, 1/3 dos casos é causado por fatores femininos, 1/3 por fatores masculinos e 1/3 pela associação dos dois fatores femininos e masculinos ou por causas desconhecidas. Assim é necessário a avaliação completa de ambos os parceiros, para detectar as causas de infertilidade. Não podemos esquecer que o casal pode ter múltiplos fatores que contribuem para esse quadro.
Vamos então conhecer os principais fatores de infertilidade na mulher, sendo que as principais causas podem ser divididas em: alterações tubárias, uterinas e ovulatórias. E devemos dar muita atenção também ao estado emocional, já que o diagnóstico e tratamento da infertilidade pode ser estressante para vários casais.
Para entender melhor as causas de infertilidade e os seus tratamentos, você poderá conhecer um pouco mais sobre o sistema reprodutor feminino e as condições ideias para gravidez neste link.
Principais fatores de infertilidade feminina
Alterações tubárias
As alterações tubárias são causas frequentes de infertilidade em mulheres, podendo ser responsáveis por até 35% desses casos. As tubas uterinas, também conhecidas como trompas, possuem um papel fundamental no mecanismo da gravidez, por que nelas os gametas masculino e feminino se encontram, dando origem ao embrião, além de serem responsáveis pelo transporte do embrião para o útero.
São exemplos alterações tubárias: as obstruções, aderências (cicatrizes), dilatações, hirossalpinge (dilatação das tubas com o acúmulo de líquido). Essas modificações na estrutura e função das tubas uterinas, dificultam o transporte dos gametas e embriões, podendo prejudicar ou impossibilitar a gravidez natural.
As principais causas dessas alterações das tubas são: Doenças inflamatórias pélvicas (DIP) que são infecções relacionadas principalmente a clamídia (Chlamydia trachomatis) e gonococo (Neisseria gonorrhoeae); Endometriose; Cirurgias pélvicas e abdominais; Gravidez ectópica; Laqueadura tubária (procedimento cirúrgico realizado em mulheres que não desejam mais ter filhos), dentre outros.
Durante a investigação de casos de infertilidade, portanto, uma avaliação criteriosa das tubas deve ser realizada. O exame mais utilizado para essa avaliação é a histerossalpingografia, que consiste em radiografias das tubas e da cavidade uterina, com aplicação de contraste através do colo do útero.
Na maioria dos casos de alterações tubárias, o tratamento indicado é Fertilização in vitro, já que essa técnica de reprodução assistida não necessita das tubas, pois o encontro dos óvulos com os espermatozoides é promovido em laboratório, com posterior transferência do embrião para o útero.
Alterações na ovulação
As disfunções ovulatórias são responsáveis por cerca de 30 a 40% dos casos de infertilidade feminina. A ovulação é a fase do ciclo menstrual em que o óvulo é liberado pelo ovário, que segue até as trompas para ser fecundado. Então se não tem ovulação, não é possível ocorrer a gravidez. As mulheres que não ovulam, geralmente apresentam menstruações com intervalos irregulares ou ausência de menstruação.
Esses problemas ovulatórios estão relacionados com questões hormonais e na maioria das vezes está associada à algumas condições como:
- Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP);
- Distúrbios na glândula tireoide, por exemplo, hipotireoidismo;
- Aumento dos níveis de prolactina (Hiperprolactinemia);
- Amenorreia (ausência de menstruação) hipotalâmica decorrentes, por exemplo, de situações de grande tensão (estresse), uso de medicamentos (como metoclopramida, tranquilizantes, metildopa), uso de hormônios em altas doses, transtornos alimentares e prática de exercícios intensos, dentre outros.
Um fator muito importante a ser considerado nos casos de problemas ovulatórios é a idade da mulher. Com o aumento da idade o número e a qualidade dos oócitos diminui, o que pode dificultar a ocorrência de uma gravidez. Observa-se que aproximadamente a partir dos 35 anos de idade há um aumento acelerado da perda da reserva ovariana, até cessarem completamente os oócitos, normalmente por volta dos 45-50 anos, quando ocorre a menopausa.
Os métodos utilizados para investigação da função ovulatória, além é claro do conhecimento da história clínica do casal, que deve ser realizada de forma completa, e exame físico, consistem em:
- Dosagens hormonais, com a solicitação de exames de sangue como: FSH (hormônio folículo estimulante), LH (hormônio luteinizante), estradiol, prolactina, hormônios tireoidianos (TSH, T4 livre), hormônio antimülleriano (AMH).
- Ultrassom transvaginal, realizado no 2° ou 3° dia do ciclo menstrual, para avaliar também a reserva ovarina, com a contagem de folículos antrais (CFA) e medida do volume ovariano.
Em casos de alterações na ovulação o tratamento irá depender da avaliação individual, de acordo com as causas dessas alterações, idade da mulher, tempo de infertilidade e associação de outros fatores de infertilidade. Podendo ser indicado desde tratamento clínico com medicações para correção dos desequilíbrios hormonais, mudanças no estilo de vida, Técnicas de Reprodução Assistida de baixa complexidade (Relação Sexual Programada, Inseminação intrauterina) ou Alta complexidade, como a Fertilização in vitro.
Alterações no útero
Os problemas da cavidade uterina são responsáveis por 10% das causas de infertilidade nas mulheres. Podemos dividir esses problemas em anomalias uterinas congênitas, ou seja, são malformações presentes desde o nascimento, e as anomalias adquiridas, que surgem após o nascimento, ao longo da vida. Encontrando essas alterações, o embrião pode ter dificuldade em se alojar na parede do útero e dar início a uma gestação.
Anomalias uterinas congênitas:
- Malformações uterinas;
Anomalias uterinas adquiridas:
- Miomas que distorcem a cavidade uterina;
- Pólipos no endométrio (tecido que reveste o interior do útero);
- Sinéquias uterinas, ou seja, aderências (cicatrizes) que se formam no interior do útero;
- Dentre outros.
Assim, essas anormalidades podem afetar a receptividade do endométrio, levando a falhas de implantação, perdas gestacionais e consequentemente infertilidade conjugal.
Podemos citar alguns exames utilizados para o diagnóstico de fatores uterinos de infertilidade como: Ultrassonografia transvaginal, Histerossalpingografia, Histeroscopia e Ressonância magnética da pelve.
A Histeroscopia é um excelente método para avaliação da cavidade uterina, e complementa o estudo da pelve feminina em conjunto com o ultrassom transvaginal. Esse exame permite ao médico visualizar diretamente o canal cervical (colo do útero) e cavidade uterina. Ele é realizado com a passagem de uma pequena câmera pelo colo do útero até chegar na cavidade uterina, permitindo a visualização de todas as paredes do útero, com a identificações de possíveis anormalidades.
A depender do diagnóstico da alteração uterina, o médico irá explicar sobre as opções de tratamento. Muitas vezes, procedimentos cirúrgicos minimamente invasivos como histeroscopia cirúrgica são indicados, podendo ser associado a uma Técnica de Reprodução Assistida.
Endometriose
A Endometriose é uma importante causa de infertilidade na mulher. Possui uma ampla variedade de apresentações clínicas, podendo variar de silenciosa a dores incapacitantes. Ainda é controverso o mecanismo pelo qual a endometriose leva a infertilidade, mas sugere-se que a função dos ovários, das tubas uterinas e a receptividade do endométrio sejam afetadas.
Leia o artigo completo sobre Endometriose.
Infertilidade sem causa aparente (ISCA)
Em alguns casos, aproximadamente 10%, as causas de infertilidade não são identificadas nem na mulher e nem no homem. Nestes casos, o médico poderá orientar sobre o melhor tratamento, levando em consideração fatores determinantes, como tempo de infertilidade, idade da mulher e características individuais do casal.
Falamos aqui sobre alguns fatores de infertilidade feminina, e você poderá entender e aprofundar mais sobre o assunto com outros artigos em nosso site.
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